terça-feira, 11 de agosto de 2015

Dólar tem segundo dia de queda após aumento de atuação do BC e com EUA

A Bolsa brasileira recuperou parte das perdas registradas da sexta-feira -quando atingiu o menor patamar desde março


O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com desvalorização de 1,52%, para R$ 3,459 / Foto: Marcos Santos / USP Imagens

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com desvalorização de 1,52%, para R$ 3,459

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

O dólar fechou em baixa nesta segunda-feira (10) ainda sob efeito do aumento da atuação do Banco Central no mercado de câmbio, anunciada na última quinta-feira (6). Também contribuíram para a queda da moeda americana declarações indicando que o aumento dos juros nos Estados Unidos pode ficar para depois de setembro.


O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com desvalorização de 1,52%, para R$ 3,459. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve queda de 1,90%, para R$ 3,443. Foi a segunda sessão seguida de queda da moeda americana.
A Bolsa brasileira recuperou parte das perdas registradas da sexta-feira -quando atingiu o menor patamar desde março- e fechou em alta de 1,60%, para 49.353 pontos.
Parte da queda do dólar é atribuída à maior rolagem de contratos de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) pelo Banco Central. Na semana passada, a autoridade monetária elevou de 6.000 para 11 mil o volume de contratos oferecidos.
Antes do anúncio, o BC mantinha a disposição de diminuir, gradualmente, a oferta desses contratos. A expectativa, até então, era de rolar apenas 60% dos contratos existentes.
"A rolagem maior ajudou a conter a valorização do dólar. Mas o real tem apresentado um comportamento bem volátil em relação a outras moedas. Não só por questões internacionais, mas também por questões domésticas", avalia Maurício Nakahodo, economista do Banco de Tokyo-Mitsubishi.
EUA
Declarações de autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central americano) também contribuíram para a desvalorização do dólar. Stanley Fischer, vice-presidente do Fed, afirmou que a inflação nos Estados Unidos está "muito baixa", mas apenas temporariamente. Além disso, ressaltou, a economia americana já estaria perto de alcançar o pleno emprego.
Segundo Eduardo Velho, economista-chefe da Invx Global Partners, o mercado interpretou as declarações como indício de que o Fed ainda não estaria disposto a elevar os juros nos EUA em setembro.
É a mesma avaliação de Nakahodo, do Banco de Tokyo-Mitsubishi. "As declarações diluíram a expectativa de um aumento em setembro. A maioria apostava que os juros já subiriam em setembro, mas agora há analistas que veem alta apenas em dezembro", diz.
A interpretação fez com que a maioria das moedas emergentes se valorizasse em relação ao dólar. Da cesta de 24 principais moedas, 19 se apreciaram ante o dólar nesta segunda (10).
O presidente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, também afirmou que as condições econômicas nos EUA voltaram em grande parte ao normal e que a decisão do Fed de elevar os juros deve vir em breve. No entanto, não repetiu comentário recente de que estaria pronto para votar a favor da alta de juros no mês que vem.
O aumento dos juros nos EUA deixaria os títulos do Tesouro americano -cuja remuneração acompanha essa taxa e que são considerados de baixíssimo risco- mais atraentes do que aplicações em emergentes, como o Brasil, provocando uma saída de recursos dessas economias. Com a menor oferta de dólares, a cotação do dólar seria pressionada para cima.
BOLSA
Dados abaixo do esperado da balança comercial chinesa elevaram a expectativa de que o governo do país adote uma nova rodada de estímulos econômicos, o que ajudou a animar os mercados internacionais nesta segunda.
As exportações chinesas registraram queda anual de 8,3% em julho, comparado com um ganho de 2,8% em junho. Foi a maior redução em quatro meses. Já as importações caíram 8,1%, o nono mês consecutivo de baixa.
As ações da mineradora Vale se beneficiaram dessa expectativa. Os papéis preferenciais fecharam em alta de 3,62%, para R$ 15,45. As ações ordinárias subiram 5,05%, para R$ 19,35.
Os papéis da Petrobras também se valorizaram nesta segunda, após o tombo registrado na sexta-feira. As ações mais negociadas da Petrobras subiram 2,68%, para R$ 9,95, após caírem 6,1% na sexta-feira. Os papéis com direito a voto tiveram avanço de 3,77%, para R$ 11,01, depois de desabarem 7,42%.
Apesar da calmaria, o viés da Bolsa ainda é de baixa ao longo da semana, afirma Eduardo Velho. "Alguns fatores domésticos podem ter influência negativa, como novas derrotas do governo o Congresso e também as manifestações neste domingo contra a presidente Dilma Rousseff", ressalta.

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