Zona Norte
Em morro de Nova Descoberta, no Recife, ninguém escapa da chicungunha
Subida José Correia é um paraíso para o Aedes, com muito lixo e moradores desprotegidosFotos: Mariana Dantas/NE10
“Sei que a população tem culpa, mas o descaso do governo piora a situação”, afirma o ambulante Maurício Coutinho de Oliveira, 40. As nove pessoas que moram em sua residência estão com sintomas da doença. Ele reclama que a Prefeitura do Recife não faz a limpeza da área e que sua casa não recebeu a visita dos agentes de saúde. Segundo Maurício, a varrição só acontece depois que os moradores telefonam solicitando o serviço.
No último dia 13 de fevereiro, quando foi promovido o Dia Nacional de Mobilização Zika Zero, agentes do Exército Brasileiro estiveram na comunidade, mas segundo os moradores a ação não foi eficiente. “Os soldados não chegaram a entrar nas casas, apenas na área externa, e nem vistoriaram os terrenos baldios que existem por aqui. Distribuíram panfletos e foram embora. Precisamos de uma ação de fiscalização mais eficiente”, reclama Jaciara.
Para o vigilante José Fernando do Nascimento, 59, a falta frequente de água na comunidade também pode estar colaborando para a proliferação do mosquito, já que muitos moradores precisam armazenar água. “Por isso precisamos de uma melhor fiscalização”, disse. O vigilante e a sua mãe, de 83 anos, estão sofrendo com dores nas articulações e febre alta.
Sujeira toma conta da escadariaFoto: Mariana Dantas/NE10
Ao contrário do que dizem os moradores, a Prefeitura do Recife informou, por meio de nota, que houve intensificação das ações para controle do mosquito, “através do trabalho dos agentes de saúde ambiental e controle de endemias (asaces) e soldados do Exército, entre os dias 25 de janeiro e 5 deste mês. O trabalho incluiu visitas aos domicílios e tratamento dos focos encontrados com larvicida”.
Jaciara sofre com dores no corpo há 15 diasFoto: Mariana Dantas/NE10
Diferentemente de janeiro do ano passado, quando a maioria dos pacientes apresentavam manchas no corpo e febre baixa – sintomas relacionados com a zika -, hoje grande parte dos casos, pelo menos na UPA de Nova Descoberta, é de chicungunha – que apresenta sintomas de febre muito alta e fortes dores nas articulações.
No último mês de janeiro, foram diagnosticados 284 casos de chicungunha, 200 de dengue e nenhum de zika. Porém, a médica Danielly Teles destaca que os números da UPA de Nova Descoberta não representam a realidade de Pernambuco e que o risco de contaminação da zika ainda é grande. “É notório que em janeiro de 2015 vivemos um surto de zika e hoje de Chicungunha, ao menos na Zona Norte do Recife. Mas o risco de contaminação pelos três vírus continua”.
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