Todos os meses são cerca de 200 pedidos de medida protetiva feitos por mulheres no RecifeFoto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
A Delegacia da Mulher de Santo Amaro começou a prender agressores em flagrante em janeiro deste ano. As prisões aumentaram, mas as ameaças e agressões estão longe de ter um fim.
Anair revela que o ex-marido começou a ficar com um ciúme doentio. "Quando falei que não queria mais ficar com ele por causa disso, as agressões começaram”, relata. As cicatrizes de um soco que levou na boca ainda a incomodam e a fazem lembrar do que aconteceu. “Minha mãe sofria agressões do meu pai e quando meu ex-marido me bateu na frente dos meus filhos, decidi que ia procurar a polícia. Não queria aquilo para eles. Tomar a decisão da justiça é difícil porque significa expor sua situação para a sociedade. Eu entendo por que tantas mulheres ainda escondem .
Depois de conseguir uma medida protetiva, Anair ligou para a polícia diversas vezes para informar quando o ex se aproximava, mas nunca teve uma resposta que a satisfizesse. "Cheguei a ouvir gracinha dos policiais. Diziam que eu não podia mandar na minha rua. A última vez, na Quarta-feira de Cinzas, liguei para a Delegacia da Mulher e a delegada plantonista, Ana Mongini, veio pessoalmente me buscar no trabalho, me levou para prestar um boletim de ocorrência e me deu um colchão para dormir lá, enquanto procuravam e prendiam meu ex-marido. Ele parou de me ameaçar e hoje me sinto mais segura."
Ana Elisa Gadelha foi a responsável pela mudança na delegacia
De acordo com Ana Elisa, os próprios agentes estão tomando a iniciativa de ir atrás dos agressores. “Percebemos uma mudança em relação ao empenho dos policiais. Inicialmente, achavam que não era possível fazer isso por falta de estrutura. Mas mudamos a logística do trabalho, dando prioridade às emergências e, quando eles viram os resultados, ficaram motivados para ir atrás”, conta a delegada, que acumula duas delegacias de plantão, além da distrital.
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