29/05/2016 07h00 - Atualizado em 29/05/2016 07h20
Pivô de gravações, delator Machado teve atuação parlamentar discreta
Antes de presidir Transpetro, ele foi deputado e senador na década de 90.
Alvo da Lata Jato, ele fez acordo de delação, mas teor ainda está sob sigilo.
Fernanda Calgaro, Laís Alegretti, Gustavo Garcia e Fabio AmatoDo G1, em Brasília
Em 2011, Sérgio Machado, então presidente da Transpetro, durante coletiva da Petrobras realizada na sede da empresa, no Rio de Janeiro. (Foto: Tasso Marcelo/Estadão Conteúdo/Arquivo)
Pivô de um dos maiores escândalos recentes de Brasília, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, exerceu mandatos de deputado federal e senador pelo Ceará na década de 1990, antes de comandar o braço logístico da Petrobras por mais de 13 anos.
De poucos discursos na tribuna, Machado agia mais nos bastidores e pouco aparecia. Parlamentares contemporâneos dele no Congresso Nacional ouvidos pelo G1 consideram que tinha um “perfil apagado” e uma atuação “pouco expressiva”.
Empresário, Machado se filiou ao PMDB em 1986 e iniciou sua trajetória política pelas mãos do ex-governador do Ceará Tasso Jereissati (PSDB). Foi coordenador da campanha do tucano e secretário de Governo no primeiro mandato de Jereissati como governador (de 1987 a 1990).
O cargo o projetou para disputar uma vaga na Câmara, onde se elegeu, já pelo PSDB, para a legislatura de 1991 a 1994. No ano seguinte, foi eleito senador.
Com trânsito no PSDB e no PMDB, Sérgio Machado se converteu atualmente no homem cujas gravações são motivo de apreensão para políticos de vários partidos.
Diálogos gravados por ele já derrubaram um dos principais ministros do presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB): o senador Romero Jucá (PMDB).
Também vieram à tona áudios que implicam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).
Alvo da operação Lava Jato, o ex-presidente da Transpetro fechou um acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República em que detalha a sua participação no esquema de corrupção da Petrobras. O conteúdo dos seus depoimentos, porém, ainda está sob sigilo.
Procurado pelo G1, Sérgio Machado informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria se manifestar neste momento e tampouco comentaria a sua atuação como parlamentar.
Atuação parlamentar
Nos quatro anos em que foi deputado federal, Machado se manifestou somente oito vezes da tribuna do plenário, algumas delas apenas para fazer apartes, conforme levantamento no sistema da Câmara. Entre as matérias de seu interesse havia, principalmente, temas ligados à economia.
Nos quatro anos em que foi deputado federal, Machado se manifestou somente oito vezes da tribuna do plenário, algumas delas apenas para fazer apartes, conforme levantamento no sistema da Câmara. Entre as matérias de seu interesse havia, principalmente, temas ligados à economia.
O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), que está no sétimo mandato na Câmara, diz nem se lembrar da passagem de Sérgio Machado pela Casa.
“Nem sabia [que foi deputado]. Se esteve por lá, era bem inexpressivo, sem nenhuma expressão. Nunca ouvi falar desse cara. Porque em 1991 eu era líder do PMDB, fui para o PST e no final do mandato fui para o PSDB. Eu era líder do processo de impeachment contra o Collor. Mas esse cara nunca vi, não. Não lembro de nenhum discurso”, afirmou.
No Senado, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), parlamentar na mesma época de Machado, contou que o colega tinha “um perfil apagado” e disse não lembrar de discurso algum de Machado no plenário da Casa.
“Não me lembro de um discurso do Sérgio Machado. Não lembro de nenhuma participação mais ativa. Ele tinha um perfil apagado, não era um senador notável”, afirmou.
Requião disse que, naquela época – fim da década de 1990 e início dos anos 2000 –, Machado “não tinha características de corrupção” e parecia “um bom sujeito”
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